PAI de Araguaína possui um protocolo especial que prioriza o atendimento às crianças autistas. (Foto: Sewcream/Freepik)

PAI segue protocolo especial de atendimento às crianças autistas

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Iniciativa proporciona um acolhimento mais humanizado e evita o estresse em situações de espera prolongada, devido à sensibilidade sensorial e às dificuldades de comunicação

Oferecer um atendimento mais acolhedor, humanizado e eficiente. É o que o PAI – Pronto Atendimento Infantil, em Araguaína (TO), sob gestão do ISAC – Instituto Saúde e Cidadania, oferece ao seguir um protocolo especial para crianças com TEA – Transtorno do Espectro Autista.

Baseado em cores, o modelo de atendimento na unidade é a Classificação de Risco, onde cada cor representa um nível de urgência. E quando há dois pacientes com a mesma cor de pulseira, a criança autista terá prioridade no atendimento.

“Implantamos este protocolo de atendimento para que os pais e as crianças autistas tenham uma melhor comodidade no atendimento devido à sensibilidade sensorial e às dificuldades de comunicação dos pequeninos”, explica Gabriela Garcia, coordenadora médica do PAI.

A maioria dos pais chegam no PAI com a carteirinha de autista da criança, porém, quando a documentação está ausente, “a equipe aciona a técnica de Fluxo de Atendimento ou a assistente social da unidade, sinalizando ao médico que o paciente é autista”, explica Gabriela Garcia.

Carteira do Autista

José Pedro Piva é uma criança “atípica” de seis anos de idade. Ele já precisou de assistência no PAI e, na recepção, a mãe Caroline Carvalho Piva só precisou apresentar a Carteira do Autista para ter uma passagem rápida logo na primeira etapa do atendimento.

“Essa prioridade é um grande ganho para as crianças autistas, porque elas merecem isso. É uma necessidade”, avalia Caroline. “Elas são assim porque têm uma neurodivergência e a gente precisa começar a aceitar, entender e abraçar isso”, recomenda.

O atendimento prioritário para pessoas com Transtorno do Espectro Autista é garantido pela Lei nº 14.626, de 19 de julho de 2023. (Foto: Freepik)
O atendimento prioritário para pessoas com Transtorno do Espectro Autista é garantido pela Lei nº 14.626, de 19 de julho de 2023. (Foto: Freepik)

João é irmão mais velho de Maria Júlia, de quatro anos e “típica”. E a mãe conta que, dependendo da situação, tem comportamentos diferentes com os filhos.

“Com a Maria Júlia, eu sou uma mãe ‘típica’ e consigo conversar com ela para que entenda que é preciso esperar um pouquinho, que um amiguinho está precisando de mais atenção que ela. Com o José Pedro precisa ser diferente”, conclui Caroline.

Como solicitar a Carteira do Autista?

Para dar agilidade ao atendimento é importante que a criança esteja usando o cordão do autista ou que os pais tenham em mãos a CIPTEA – Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista do filho ou filha.

O documento é instituído pela Lei Romeo Mion, como é mais conhecida a Lei Federal nº 13.977, de 8 de janeiro de 2020, e regulamentada pelo Decreto Estadual nº 6.619, de 24 de abril de 2023.

A emissão da CIPTEA é gratuita e garante diversos benefícios, como prioridade em filas de espera e acesso a serviços públicos. (Foto: Reprodução/CIPTEA)
A emissão da CIPTEA é gratuita e garante diversos benefícios, como prioridade em filas de espera e acesso a serviços públicos. (Foto: Reprodução/CIPTEA)

Para solicitar, basta acessar o site https://sistemas.ati.to.gov.br/ciptea/login e clicar ou tocar no botão Primeiro Acesso. Em seguida, informar o número do CPF e nome de quem vai usar a carteira, cadastrar um e-mail e senha de acesso no sistema, e anexar um documento de identificação com foto.

Já para a validação da CIPTEA, os documentos necessários incluem uma foto 3×4, comprovante de residência, documentos pessoais do responsável legal, documentos pessoais da criança (RG, CPF, Certidão de Nascimento), além de um laudo médico ou atestado com a indicação da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID).

Cordão do Autista

O cordão do autista é um acessório que ajuda a identificar uma pessoa com deficiência “invisível” ou “oculta”, como o TEA, e consiste em cordão com fita estampada com peças de quebra-cabeça coloridas ou girassóis.

O quebra-cabeça é o símbolo tradicional do autismo e representa a diversidade e a unicidade das pessoas com TEA. Já o girassol foi escolhido pela comunidade autista como um símbolo alternativo da condição, visto que é uma flor que se destaca pela beleza, resistência e resiliência.

No Brasil, a Lei nº 14.624/2023 oficializou o cordão de fita com desenhos de girassol como símbolo nacional de identificação de pessoas com deficiências ocultas. (Foto: Roberto Suguino/Agência Senado)
No Brasil, a Lei nº 14.624/2023 oficializou o cordão de fita com desenhos de girassol como símbolo nacional de identificação de pessoas com deficiências ocultas. (Foto: Roberto Suguino/Agência Senado)

O cordão pode ser comprado em lojas físicas e on-line especializadas em produtos para autistas. Seu uso é opcional e a própria pessoa com TEA deve decidir se deseja usar.

Além de facilitar a identificação, o cordão do autista tem outros dois objetivos. O primeiro é garantir a acessibilidade e atendimento prioritário em locais públicos e privados, como filas, assentos e vagas preferenciais, e o segundo, para ajudar a conscientizar a sociedade e promover a inclusão de pessoas com TEA.

Sobre o PAI

Única unidade de urgência e emergência pediátrica no Tocantins a oferecer atendimento especializado e exclusivo para crianças de Araguaína e região, o Pronto Atendimento Infantil é custeado pela Prefeitura de Araguaína e está sob gestão compartilhada do ISAC. Possui três consultórios médicos e capacidade para atender 150 pacientes por dia.

Sobre o ISAC

O Instituto Saúde e Cidadania é uma organização social sem fins lucrativos com sede em Brasília (DF) e que gerencia unidades de pronto atendimento (UPAs), ambulatórios, multicentros de saúde, espaço saúde e hospitais. É a primeira OS do Norte e Nordeste – e a segunda da América Latina – a ser acreditada internacionalmente em Rede de Atenção à Saúde com o selo Acreditado Diamante da Qmentum Internacional.

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