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O leite materno é o alimento exclusivo do bebê nos seis primeiros meses de vida e também representa o vínculo entre mães e filhos. E no Mês do Aleitamento Materno, também chamado de Agosto Dourado, o ISAC – Instituto Saúde e Cidadania destaca a importância da amamentação oferecendo informação e orientação para as profissionais de saúde e as mães, usuárias do SUS – Sistema Único de Saúde.
“O principal benefício do leite materno é a imunidade”, explica o Dr. José Maria Sinimbu Filho, médico pediatra e superintendente técnico do ISAC. “A recomendação é amamentar exclusivamente até o sexto mês de idade e, a partir daí, começar a introdução alimentar complementar, que vai acrescentar mais ferro, vitaminas, gordura e outros nutrientes essenciais para o desenvolvimento do bebê”, acrescenta.
Além disso, ainda segundo o Dr. José Maria, os bebês amamentados no seio materno reduzem as chances de desenvolver alergias, colesterol alto, hipertensão arterial, doenças crônicas, entre outras comorbidades nos primeiros meses e anos de vida.
Por isso, a amamentação exclusiva nos primeiros meses de vida reduz em até 63% as chances de internação hospitalar por doenças respiratórias, como pneumonia, bronquiolite e gripe, de acordo com dados do Ministério da Saúde.
E este ano, a Campanha Nacional de Amamentação traz o tema “Apoie a amamentação: faça a diferença para mães e pais que trabalham”, que retrata a importância dos pais, companheiros, companheiras e familiares enquanto rede de apoio para as mães e seus bebês.
“Mães que precisam retornar para o mercado de trabalho, por exemplo, podem continuar a amamentação fazendo uso de técnicas de ordenha, armazenamento e conservação de leite materno na geladeira ou congelado. De todo modo, é importante conversar com o médico ou médica pediatra para receber as orientações e garantir a segurança do bebê e da mãe”, conclui Dr. José Maria.
Benefícios da amamentação
Para se ter uma ideia da importância do leite materno, o simples ato de amamentar o bebê imediatamente após o nascimento pode reduzir a mortalidade neonatal, que é aquela que acontece nos primeiros 28 dias de vida.
“O aleitamento materno na primeira hora de vida é importante tanto para o bebê quanto para a mãe, pois auxilia nas contrações uterinas e diminui o risco de hemorragia”, aponta a Dra. Elena Medrado, médica pediatra e diretora técnica do HMA – Hospital Municipal de Araguaína. “Além de fortalecer o vínculo afetivo entre mãe e filho, diminui o risco das infecções neonatais, pois o colostro contém anticorpos e está presente nas primeiras 72 horas de vida”, complementa.
A amamentação também traz benefícios para a saúde da mãe, como a redução do peso corporal e do risco de hemorragia pós-parto, assim como a redução das chances de desenvolver diabetes tipo 2, colesterol alto, hipertensão arterial e câncer de mama, ovário e endométrio.
E ainda de acordo com a Dra. Elena Medrado, o leite materno pode ser oferecido em livre demanda enquanto for necessário para o bebê, mesmo após os seis primeiros meses de vida. “Com o tempo, essa demanda se ajusta às necessidades da mãe, a oferta começa a adquirir um ritmo mais regular e com mamadas noturnas mais espaçadas”, pontua.
Mitos e dúvidas sobre amamentação
Muitas mulheres têm dúvidas sobre essa fase e algumas crenças populares podem comprometer o entendimento geral sobre o assunto, como, por exemplo, o mito do “leite fraco”.
“Não existe leite fraco”, afirma a Dra. Elena Medrado. “A pouca produção de leite pode ser um dos desafios que a mãe enfrenta, mas, na maioria dos casos, é apenas uma percepção relacionada à insegurança sobre sua capacidade de amamentar”, elucida.
Ainda sobre esse mito, o Dr. José Maria explica que a mãe quando está ansiosa, passando por problemas de saúde ou disfunções hormonais pode ter a produção reduzida. “As mães podem procurar sua rede de apoio para que possam se sentir mais tranquilas, e buscar o apoio do profissional de saúde para que a amamentação ocorra da melhor forma”, orienta.
Outras dúvidas comuns são em relação ao silicone nas mamas e a presença de nódulos. No caso dos silicones, as próteses geralmente ficam abaixo do músculo sem afetar as glândulas mamárias, o que significa que a mulher pode amamentar normalmente. E no caso da presença de nódulos vai depender se for do tipo benigno (fibroadenoma) ou maligno (tumor), mas geralmente são benignos e tanto a amamentação quanto a produção de leite são seguros.
Dicas para armazenar e estocar leite na geladeira
Muitas mulheres precisam trabalhar fora de casa, o que compromete a amamentação no seio materno. Entretanto, essas mães podem continuar amamentando aplicando técnicas de ordenha e armazenamento do próprio leite.
Para ajudar essas mães, a Dra. Elena Medrado traz dicas de como fazer o armazenamento e consumo seguros do leite materno.
Armazenamento:
– Anote no frasco a data e hora em que realizou a coleta de leite e guarde o recipiente fechado imediatamente no freezer ou no congelador;
– Se o frasco estiver incompleto, pode ser completado em outro momento;
– Para completar o volume de leite no frasco sob congelamento, utilize um outro recipiente (previamente lavado e fervido por 15 minutos) e escorra sobre um pano limpo até secar;
– Coloque o leite recém-ordenhado sobre o que já estava congelado, até faltarem dois dedos para encher o frasco (evite encher até a borda porque existe o risco de quebrar o frasco durante o congelamento).
Obs: O leite materno pode ser armazenado em recipientes de plástico rígido, sem BPA e aprovados para contato com alimentos, desde que devidamente esterelizados e usados exclusivamente para esta finalidade, porém o mais indicado e seguro são os recipientes de vidro.
Consumo:
– O leite materno ordenhado e congelado pode ser estocado por um período máximo de até 15 dias (a partir da data da coleta), se for mantido em temperatura máxima de -3°C;
– O leite materno ordenhado e refrigerado pode ser guardado por no máximo 12 horas (a partir do momento da coleta), se for mantido em temperatura máxima de 5°C;
– Depois de descongelado, o leite materno ordenhado deve ser mantido sob refrigeração, em temperatura máxima de 5°C, por até 12 horas;
Obs: Para descongelar o leite materno ordenhado, coloque o recipiente em banho-maria, isto é, sendo aquecido em água potável, mas sem ferver. Ao desligar o fogo, a temperatura da água deve estar em torno dos 40°C, ou seja, deve ser possível tocar a água sem se queimar. O recipiente deve permanecer na água aquecida até o leite descongelar completamente.
Agosto Dourado
O mês de agosto foi instituído no Brasil como o Mês do Aleitamento Materno por meio da Lei nº 13.435, de 12 de abril de 2017, cujo objetivo é intensificar as ações de conscientização e esclarecimento sobre a importância da amamentação.
Essas ações são marcadas pela realização de eventos, palestras e reuniões nas comunidades e espaços públicos, divulgação na mídia e pelo uso da cor dourada para decoração e iluminação.
A cor dourada foi escolhida para simbolizar o padrão ouro que o leite materno e todos os seus benefícios representam para o desenvolvimento do bebê nos primeiros meses de vida.
É inspirada na Semana Mundial de Aleitamento Materno, realizada de 1º a 7 de agosto e criada em 1992 pela Aliança Mundial de Ação Pró-Amamentação (WABA, em inglês), que define os temas a serem discutidos e trabalhados pelos cerca de 120 países participantes, entre eles o Brasil.